Mestre em
Ciências Contábeis, doutor em Controladoria e Contabilidade, controller e
consultor contábil e financeiro de empresas de grande porte há mais de 30 anos
e com um extenso currículo e uma carreira invejável, o professor Clóvis Luís
Padoveze também conduz seminários profissionais há mais de 15 anos. Sua mais
recente apresentação ocorreu no início do junho deste ano, na Convenção
Regional de Contabilistas, Empresários e Estudantes da Contabilidade de Piracicaba.
Professor,
na Convenção, o senhor falou sobre "O Contador no Processo de Estruturação
das Informações Contábeis da PME". Qual a importância desse assunto para a
Contabilidade?
O Brasil
vive hoje um momento economicamente histórico, com estabilidade monetária já há
mais de 15 anos num ambiente competitivo internacional, e com as PMEs (Pequenas
e Médias Empresas) participando ativamente desse processo de negócios dentro e
fora do país. A Contabilidade para ser adequadamente utilizada, dentro de uma
abordagem gerencial para tomada de decisão – além de cumprir suas funções
normativas e regulatórias – necessita de uma estrutura de sistemas de
informações que seja integrada com os demais subsistemas empresariais, para que
cumpra sua missão. Minha experiência, como acadêmico e como profissional da
área, já identificou que em muitas PMEs a principal lacuna gerencial é a falta
de uma adequada estruturação do sistema contábil. Nesse sentido é que
procuramos explorar este tema para dar uma contribuição aos profissionais da
área que atuam diretamente com as PMES.
O senhor
é graduado e mestre em Ciências Contábeis e doutor em Controladoria e
Contabilidade. Para você, hoje, quais são os desafios da profissão?
O maior
desafio hoje do Contador é acompanhar o ritmo de competição e exigência do
mundo empresarial e suas constantes mutações e desafios novos e contínuos. As
empresas são muito dinâmicas, com novos mercados, novos produtos e serviços,
novos competidores, influência forte internacional, questões monetárias e
cambiais em constante alteração. Tudo isso exige que o Contador tenha uma
estrutura contábil que permita atender a todos os gestores com precisão,
competência e na velocidade (frenética) do mundo dos negócios. Por isso, é
fundamental a estruturação de um sistema contábil para as PMEs. É difícil,
complexo, mas plenamente possível com a tecnologia de informação existente e o
conhecimento contábil disponível. O segundo desafio é fazer o gerenciamento
adequado do risco dos negócios. Assim, as obrigações fiscais, regulatórias, de
controle interno (compliance) têm que ser cumpridas à risca, para que
não interfiram de forma negativa nos negócios. Nesse sentido, as práticas
internacionais estão permitindo uma visão mais abrangente para a Contabilidade
normativa, que vai de encontro a esse desafio. O terceiro desafio é o mesmo de
antes, ou seja, a ética. O Contador é o guardião da ética dos negócios e seu
papel é indispensável e único. Nunca deve abrir mão desse princípio norteador
da profissão, porque o Contador tem o papel nobre de ser o prestador de contas
da atuação das empresas para com a sociedade.
Em que os
Profissionais da Contabilidade ainda precisam melhorar no desempenho de seu
trabalho?
Como toda
profissão e atuação social, a melhoria é uma necessidade de todos, assim como o
aprendizado contínuo oferecido, por exemplo, pelos programas dos CRCs de
educação continuada. Hoje, as faculdades de Ciências Contábeis contemplam um
currículo adequado para a formação acadêmica e os CRCs complementam esta
formação com iniciativas de maior profissionalização. Portanto, todos temos
condições de sermos profissionais de excelência. Mas, como elemento de
melhoria, entendo que é a necessidade de saber se comunicar melhor. Há o mito
de que o Contador (antigo) fica no fundo da sala, calado, fazendo seu trabalho.
Este mito tem que ser minimizado ou eliminado. O Contador precisa saber se
comunicar. Precisa deixar clara a importância da Contabilidade no processo de
tomada de decisão. Precisa educar o empresário para os aspectos econômicos e
financeiros de sua empresa. Ele é profissional que atua lado a lado com o
proprietário, diretor, o empresário. Esses não são obrigados a ter conhecimento
profundo da Contabilidade. Cabe ao Contador esse papel educacional e, ao mesmo
tempo, de comunicar e efetivar a importância da Contabilidade nas organizações.
O senhor
também já publicou 21 livros nas áreas de Contabilidade. Seu livro
"Gerenciamento do Risco Corporativo em Controladoria" foi premiado na
categoria Livro de Contabilidade pelo Jornal do Comércio, recebendo o Troféu
Cultura Econômica em novembro de 2009.
Este
livro foi fruto de uma pesquisa que eu havia iniciado por volta do ano 2000,
quando estava estruturando meu livro de Controladoria. Alguns anos depois, tive
a oportunidade de orientar no mestrado profissional em administração da Unimep
o aluno Ricardo Galinari Bertolucci, que se interessou pelo tema. Nessa
ocasião, conseguimos encorpar mais o conteúdo. Depois propus ao aluno Ricardo
transformá-lo em livro e me responsabilizei pela parte final. O objetivo maior
é traduzir um tema considerado como complexo para que fosse aplicável para
todas as empresas não financeiras. As entidades do setor financeiro tem a
obrigatoriedade de um sistema de gestão de riscos financeiros. Mas eu queria
dar uma abordagem mais ampla, a gestão de todos os riscos, não só os riscos
financeiros. Assim, o nome é gestão de riscos corporativos, porque compreende
todos os riscos a que possa estar exposta uma organização. Dentro dessa
abordagem, desenvolvi uma série de exemplos, todos eles práticos, para que
qualquer pessoa dentro de uma empresa consiga estruturar o sistema de gestão de
riscos. A gestão de risco é um processo antecipatório do que poderá acontecer,
de bom e de ruim. A empresa que for mais hábil nesse processo tem maiores
chances de sucesso e sobrevivência, em relação à concorrência.
Fonte:
CRC SP
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