Sou do
tempo da máquina de escrever (acredite, era considerada um ativo da empresa).
Confesso, ainda tenho uma guardada e não consigo me desfazer dela.
Sou do
tempo em que fazíamos um rascunho da folha de pagamento dos funcionários para
depois datilografar aqueles terríveis holerites de pagamentos em duas vias com
papel carbono (sem rasuras).
Sou do
tempo em que se datilografava longos contratos sociais em 4 vias, também com
cópias em papel carbono, sendo que muitas vezes tive que refazer o contrato
totalmente, pois somente no final da folha constatava que havia esquecido
alguma palavra, até mesmo um parágrafo inteiro, ou cometia um erro de
datilografia que não tinha conserto, pois o contrato não permitia rasuras.
Sou do
tempo em que fazíamos um rascunho da declaração de imposto de renda para depois
datilografar nos formulários, também em duas vias carbonadas, assinadas pelos
clientes e finalmente protocoladas na Receita Federal (até hoje não sei como
conseguíamos entregar no prazo, se bem que naquele tempo sempre tinha a famosa
prorrogação que hoje não existe mais).
Para
falar a verdade nem acho que eu esteja tão velho assim (tenho 41 anos), mas
sim, que as mudanças foram muito rápidas nesse curto espaço de tempo.
Quando
olho para trás, não consigo imaginar o nosso trabalho atual sendo feito daquela
maneira. Hoje conseguimos produzir muito mais, temos acesso às informações
necessárias numa velocidade espantosa e mesmo assim sinto que ainda não é o
suficiente. Será que só eu penso assim?
A
internet virou quase o ar que eu respiro. Quando ficamos sem acesso por algum
problema de conexão, parece que tudo fica em câmera lenta.
Não tenho
saudades daquele tempo, muito pelo contrário, acho que sou privilegiado por
estar passando por uma das maiores transformações dos últimos tempos.
Por outro
lado, me preocupo com o legado que deixaremos para as futuras gerações, ou
seja, de tão rápida que as mudanças estão acontecendo, o que será que o jovem
de hoje vai ter como base para o seu futuro num mundo cada vez mais
descartável?
O jovem
não está tendo tempo para degustar as coisas do presente, pois está sempre a
espera do novo lançamento que irá substituir o que foi lançado ontem.
Olhando
em retrospecto, em minha curta carreira de 25 anos na profissão contábil, posso
dizer que construí uma base de conhecimento, mas esse conhecimento em
determinadas áreas se tornou somente fonte inspiração e de comparação histórica
do tipo: “Ah, no meu tempo era assim que se fazia isso”.
Atualmente,
se um profissional contábil ou de qualquer outra área tiver de ficar afastado
de suas funções por mais de um ano, existe uma grande probabilidade de ele não
conseguir desempenhar grande parte de seu trabalho. E um ano nem é tanto tempo
assim.
Em
resumo, tenho a sensação de que a evolução tecnológica está indo rápida demais,
muito além de nossa capacidade de assimilação. Mas, enfim, esse é o jogo e
temos que tentar acompanhar essas mudanças sob pena de também sermos
descartados da nossa profissão.
(*) Isaac
Rincaweski – empresário no ramo de prestação de serviços contábeis, Contador
formado pela FURB-Blumenau, com pós-graduação em Gerência na Qualidade dos
Serviços Contábeis pela FURB-Blumenau.
Fonte:
Netlegis
15/05/2012
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